Contextualização para o ensino e a avaliação em LEM

perspectivas contemporâneas

  • Ângela Cristina Rodrigues de Castro
Palavras-chave: Contextualização, Planejamento, Avaliação, Interdisciplinaridade, Ensino

Resumo

Edgar Morin (2003, p. 11), no Prefácio à edição brasileira de A Cabeça bem-feita, escreve que a missão do “ensino educativo” é transmitir não o mero saber, mas uma cultura que permita compreender nossa condição e nos ajude a viver, e que favoreça, ao mesmo tempo, um modo de pensar aberto e livre”. No entanto, já na Idade Moderna, a escola passou pela disciplinarização do conhecimento, segundo paradigma científico tradicional (reducionismo, objetividade, reprodutibilidade etc. ), paradigma no qual um modo de pensar livre e aberto tinha nenhum ou quase nenhum espaço. Foucault (1987) afirmava que a escola configuravase como uma prisão por sua disposição física, por seus mecanismos de controle e punição, incluídos aí os modelos de avaliação, os quais, segundo o autor, poderiam ser caracterizados como mecanismos que relacionavam um tipo de formação de saber a certa forma de exercício do poder. Assim, a escola, como se encontra hoje, é compreendida como um aparelho, que permite o controle permanente de seus integrantes, de forma que se sintam sempre vigiados e controlados. É necessária, todavia, uma escola em que seja possível formar o cidadão crítico, letrado, capaz de
compreender fenômenos, de tomar decisões, de construir argumentos e de resolver problemas, intervindo na realidade, segundo a perspectiva dos multiletramentos e da multimodalidade. Tal escola deve deixar de lado a “linha de montagem” e adotar a prática de estabelecimento de rede de relações, orientando o desenvolvimento de competências e habilidades e não o foco no conteúdo pelo conteúdo. O ensino por competências, no entanto, não é algo novo: ele traz de volta os princípios pedagógicos delineados por Dewey, Lourenço Filho, Anísio Teixeira, Piaget, entre outros. Além disso, traz em sua essência a perspectiva inter e transdisciplinar do ensino. Em consequência, tendo em vista a meta de “preparar para a vida”, a relevância das atitudes e da construção social para a constituição do conhecimento, este artigo se propõe a organizar e relacionar algumas das ideias, em especial no ensino de LEM, acerca do que seja a contextualização no ensino, englobando desde o processo do planejamento das sequências didáticas até o momento da avaliação do ensino, estágio em que o conceito de contextualização muitas das vezes se perde, sendo, inclusive, banalizado e considerado dispensável, como um “adorno” simplesmente. Para tal fim, serão considerados autores como Moraes (2015), Morin (2003, 2005), Depresbiteris e Tavares (2009), Fazenda (2013), entre outros. A perspectiva é a de que os docentes compreendam, com a reflexão, que diante do mundo atual de incertezas, mais importante do que cumprir um programar curricular repleto de itens a serem trabalhados está uma ação pedagógica em que o aluno possa estabelecer o link da informação que lhe é
apresentada com a sua realidade, podendo ser responsável por transformála, como sujeito social que é. Dessa forma, o docente precisa enfrentar seus medos e inseguranças e ter a capacidade de ser criativo e, mesmo com a organização escolar por disciplinas, conseguir elaborar planejamentos e avaliações que fujam ao modelo tradicional, binário, do certo e errado, no qual o professor sempre tem o domínio de todos os vieses da informação, mas em que não vai além do reducionismo, da reprodutibilidade, sem a devida problematização que validariam as respostas dos alunos para os conduzirem ao encontro de algumas das respostas às dificuldades e à complexidade do momento atual.

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Biografia do Autor

Ângela Cristina Rodrigues de Castro

Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Mestre em Linguística Aplicada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Professora de EF/EM do Colégio Militar do Rio de Janeiro (CMRJ). E-mail: rcastrocristina@gmail.com. Lattes: http://www.lattes. cnpq. br/7428432720068250.

Publicado
2020-01-03
Seção
Artigos