PREVALÊNCIA DE DESORDENS PSICOLÓGICAS E PROCESSO DE SELEÇÃO DOS MILITARES BRASILEIROS PARA AS FORÇAS DE MANUTENÇÃO DA PAZ NO TIMOR LESTE

Abstract

O objetivo do presente estudo foi
verificar a prevalência de desordens
psicológicas apresentadas na missão
das Nações Unidas de manutenção da
paz no Timor Leste (UNIMISET) entre
os anos de 2002 e 2005. Os registros
da avaliação psicológica classificavam
os militares em três categorias:
indicados, indicados com restrição e
contra-indicados. Foram utilizadas
técnicas de coleta documental e de
entrevista com psicóloga do Centro de
Estudos de Pessoal (CEP) do Exército
e com quatro comandantes de pelotão
dos contingentes que participaram da
missão entre 2002 e 2005. Foram
analisados registros de 158 oficiais e
sargentos, dos quais 123 participaram
dos contingentes enviados ao Timor
Leste durante o período em estudo.
Constatou-se que mesmo militares
contra-indicados pela avaliação
psicológica eram enviados para as
operações pelos comandantes de
contingentes. Verificou-se a
apresentação de algum tipo de
desordem psicológica em 14,58% dos
militares indicados, em 19,71% dos
militares indicados com restrição e em
100% dos militares contra-indicados.
Dos 123 participantes das missões, 25
militares apresentaram algum tipo de
desordem psicológica, entre as quais
se destacam as dificuldades de
relacionamento com os colegas e o
alcoolismo, cada uma representando
28% do total das referidas alterações.
Pode-se verificar que houve diferença
estatisticamente significativa (teste X2
com p valor = 0,0445) entre o
percentual de oficiais e sargentos que
apresentaram problemas de
relacionamento com superiores, pares
e subordinados. Nos demais tipos de
desordens não se observou diferença
estatisticamente significativa. Pode-se
concluir que o processo de avaliação
psicológica desenvolvido pelo CEP tem
conseguido orientar o Exército na
indicação dos militares para compor os
contingentes de missão de paz da
ONU