Nutrição nos cuidados paliativos
Uma busca por qualidade de vida
Abstract
O cuidado paliativo é uma abordagem multiprofissional que visa à melhoria da qualidade de vida de pacientes com doenças graves, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce, do tratamento da dor e de outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual. Dentro desse cuidado ampliado, a alimentação possui um papel importante, não apenas por razões fisiológicas, mas também considerando aspectos sociais e psicológicos que envolvem a comida. Alguns autores ainda discutem o papel do nutricionista nesses momentos de finitude. Tendo em vista essas lacunas, a presente revisão narrativa pretende trazer reflexões sobre a importância do acompanhamento nutricional para promover qualidade de vida nos portadores de doenças ameaçadoras da vida. A amostra final foi de 11 artigos de diferentes países e que apontam diferenças entre o cuidado nutricional convencional e em cuidados paliativos e apresentam dilemas bioéticos relacionados à alimentação e a qualidade de vida para estes pacientes. Através da alimentação ingerimos nutrientes necessários à sobrevivência, mas também nos relacionamos com diferentes significados baseados no contexto social, cultural e familiar em que estamos inseridos. Dentro destes significados, a qualidade de vida e o conforto podem ser definidos como um fenômeno multidimensional, sendo uma experiência fortalecida pela satisfação das necessidades de alívio, tranquilidade e transcendência, atendidas de forma a englobar todos os contextos biopsicossociais. A individualização da alimentação deve ser o guia para a tomada de decisão do nutricionista, considerando as diversas dimensões do conforto e compreendendo toda a subjetividade que ele pode assumir de acordo com a condição clínica e meio em que este paciente está inserido. Conclui-se que o aspecto crucial para a eficácia da nutrição em todos os estágios da doença é a identificação precisa das demandas do paciente, as demandas pessoais e as que envolvem o processo de adoecimento. Considerando que comer não é apenas uma necessidade física; é também uma atividade social e uma fonte de prazer, garantir que o paciente mantenha uma relação positiva com a comida pode melhorar seu bem-estar emocional e proporcionar qualidade de vida. Mais estudos sobre o tema devem ser desenvolvidos, considerando não só os aspectos nutricionais, mas também o caráter simbólico da alimentação.
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