Foi com grande satisfação que recebi a proposta do Gen Sassone para prefaciar o PADECEME que comemora os 120 anos da Escola Marechal Castello Branco.
Exerci o honroso Comando da ECEME entre março de 2018 e fevereiro de 2019. Minha saída do cargo ocorreu muito antes do que eu desejava, em função do irrecusável convite para ser Chefe de Gabinete do Ministro de Estado da Defesa, função que exerci entre janeiro de 2019 e julho de 2020.
No período passado à frente de nossa Escola, pude comprovar o altíssimo nível de seus corpos docente e discente. Sempre enfatizava com nossos alunos que o oficial do QEMA deve buscar a solução de problemas inéditos e buscar a constante evolução do Exército Brasileiro.
Nessa revista, teremos a oportunidade de ler artigos de importantes chefes militares, que discorrem sobre diversos temas de nosso cotidiano “ecêmico”.
Inicialmente, o Cel Lucas, antigo e respeitado instrutor, celebra os 120 anos da ECEME, fundada em 1905 como Escola de Estado-Maior (EMM) e hoje reconhecida como centro de excelência na formação de líderes militares de alto nível. O texto destaca a importância do centenário, celebrado em 2005, como marco que revitalizou tradições e consolidou novos valores institucionais, como a denominação histórica “Escola Marechal Castello Branco”.
A ECEME tem papel crucial na modernização do Exército Brasileiro, adaptando-se às mudanças tecnológicas, políticas e sociais ao longo de mais de um século. Durante as Grandes Guerras e conflitos subsequentes, a Escola preparou oficiais para missões complexas, expandindo seu currículo para incluir ciências sociais, relações internacionais e gestão. A partir da década de 1970, reforçou o compromisso com a formação integral dos oficiais, abrangendo aspectos técnicos, éticos e humanos.
O artigo conclui que, após 120 anos, a ECEME mantém-se comprometida com a formação de líderes militares preparados para os desafios do século XXI, preservando sua memória institucional e promovendo inovação e cooperação internacional.
Em seguida, o Gen Sérgio, Comandante entre abril de 2011 e dezembro de 2012, aborda os desafios enfrentados pelo Comando da ECEME em um cenário de transformação do Exército Brasileiro. O autor destaca a necessidade de adaptação contínua diante de mudanças tecnológicas, doutrinárias e sociais, que impactam a formação dos oficiais e a estrutura da Escola.
O texto ressalta a importância da liderança em um ambiente complexo e dinâmico, onde o comando deve equilibrar tradição e inovação, mantendo o foco na excelência acadêmica e na preparação dos alunos para missões cada vez mais desafiadoras. O autor discute a importância da integração entre diferentes áreas do conhecimento, a valorização da pesquisa e o estímulo ao pensamento crítico.
O artigo também reflete sobre a necessidade de fortalecer a cooperação com outras instituições militares e civis, promovendo o intercâmbio de experiências e o desenvolvimento de competências estratégicas. O Comando da ECEME é visto como um agente de mudança, responsável por guiar a Escola em um contexto de evolução e modernização do Exército Brasileiro.
No próximo artigo, o Gen Elias, Comandante entre fevereiro de 2015 e setembro de 2016, analisa a trajetória da ECEME como instituição em constante transformação. O autor destaca a capacidade da Escola de se reinventar ao longo dos anos, incorporando novas tecnologias, metodologias pedagógicas e abordagens interdisciplinares.
O texto aborda a importância da atualização curricular, o uso de ferramentas digitais e a promoção de um ambiente de aprendizagem colaborativo. O autor ressalta o papel da ECEME na formação de líderes capazes de atuar em cenários complexos e incertos, preparando-os para desafios contemporâneos, como a segurança cibernética e a cooperação internacional, concluindo que, ao longo de sua história, a Escola tem se mostrado resiliente e adaptável, mantendo-se na vanguarda da educação militar no Brasil.
Na sequência, o Gen Richard, Comandante entre setembro de 2016 e março de 2018, discute a ECEME como “Escola do Método”, destacando sua contribuição para o desenvolvimento do pensamento estratégico e tático no Exército Brasileiro. O autor analisa a evolução dos métodos de ensino e pesquisa ao longo dos anos, enfatizando a importância da metodologia científica e do rigor acadêmico.
O texto ressalta que a ECEME é reconhecida por sua capacidade de sistematizar conhecimentos e desenvolver estratégias eficazes para a tomada de decisão. O autor destaca o papel da Escola na formação de oficiais críticos, capazes de analisar problemas complexos e propor soluções inovadoras, sendo um centro de referência para o desenvolvimento do pensamento estratégico no Brasil e contribuindo para a modernização e fortalecimento do Exército.
Já o Gen Vergara, Comandante entre fevereiro de 2019 e setembro de 2020, aborda os desafios enfrentados pela ECEME durante a pandemia de COVID-19. O autor destaca a necessidade de adaptação rápida diante das restrições impostas pela crise sanitária, como a adoção do ensino remoto e a manutenção das atividades acadêmicas em um ambiente virtual.
O texto ressalta o compromisso da Escola em garantir a continuidade do ensino e a formação dos oficiais, mesmo em condições adversas. O autor discute as lições aprendidas com a pandemia, como a importância da flexibilidade, da inovação tecnológica e do apoio à saúde mental dos alunos e docentes, concluindo que a ECEME demonstrou resiliência e capacidade de adaptação, reforçando seu papel como instituição de excelência em educação militar.
Finalmente, o Gen Márcio, Comandante entre setembro de 2020 e abril de 2022, analisa a criação da Seção de Liderança e História da ECEME, destacando sua importância para a preservação da memória institucional e o desenvolvimento do pensamento estratégico. O autor discute o papel da Seção na promoção de estudos sobre liderança, história militar e valores institucionais.
O texto ressalta a contribuição da Seção para a formação de líderes éticos e comprometidos, capazes de enfrentar os desafios contemporâneos. O autor destaca a importância da pesquisa histórica e do estudo de casos para o aprimoramento da liderança no Exército Brasileiro, chegando à conclusão que a Seção de Liderança e História é fundamental para o fortalecimento da identidade institucional da ECEME e para a formação de oficiais preparados para liderar em cenários complexos.
Ao iniciarmos o segundo quartil do século XXI, podemos dizer que a história não terminou como afirmava Francis Fukuyama, em 1989. Os diversos conflitos existentes no planeta tendem a dar razão a Carl von Clausewitz, que ainda no século XIX escreveu no Livro VIII do Da Guerra:
“A guerra é simplesmente a continuação do intercâmbio político com a adição de outros meios. Usamos deliberadamente a expressão “com a adição de outros meios”, pois queremos deixar claro que a guerra em si não interrompe o intercâmbio político, nem o transforma em algo completamente distinto. Esse intercâmbio continua essencialmente o mesmo, independentemente dos meios que emprega.”
Assim sendo, a Escola Marechal Castello Branco continuará a ser o grande centro intelectual do EB, onde se estuda e se discute nossa atividade fim.
Para encerrar com um tom bem-humorado, só quem viveu alguns anos como aluno, instrutor ou Comandante da ECEME se comunica usando expressões consagradas como: “isso é rolha”; “vagão dormitório”; “o inimigo é dono de sua vontade” e “a Divisão corre riscos”!
Parabéns à ECEME pelas 12 décadas de dedicação ao Exército e uma excelente leitura a todos!
Gen Div R1 Edson Diehl Ripoli1
1 O autor é eterno Comandante da ECEME no período de MAR 18 a FEV 19.
Publicado: 2025-10-08