As missões de paz e nossas forças armadas

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Carlos A. Pissolito

Abstract

O texto trata de uma questão que ame-aça as Forças Armadas como instituição: o  problema  das  missões.  Analisa  uma questão sustentada pelo filósofo espanhol Ortega  e  Gasset,  que  diz  que  as  institui-ções se regem por sua finalidade e que as militares não fogem a essa regra. A imen-sa  capacidade  destrutiva  dos  artefatos atômicos e o surgimento de movimentos de libertação nacional limitaram o uso de Forças Armadas tradicionais. O primeiro fenômeno tornou-as obsoletas, enquanto o segundo colocou-as numa situação que estabelece o desnível moral, psicológico e físico de enfrentarem-se com atores mais fracos. Muitos especialistas, porém, atri-buem às instituições militares outras fun-ções  fora  dos  combates  convencionais, como: a luta contra o terrorismo, o apoio às comunidades em situações de emergên-cia ou desastre natural e as missões de paz, esta  ultima,  principalmente,  nos  Estados ditos “fracassados”. O caráter diferencia-do entre os povos latinos e anglo-saxôni-cos é ressaltado. Estes últimos trabalham com  acentuado  êxito  econômico  e  asse-gurada estabilidade política, campos defi-citários para os primeiros, especialmente na América do Sul. Em contrapartida os sul-americanos  oferecem  algo  superior  a qualquer  empreendimento  político-eco-nômico: a capacidade política integrado-ra. Esse caminho foi marcado por nossos antepassados, a exemplo dos espanhóis e lusitanos, que se misturam às populações negras e indígenas. A atual missão de paz no HAITI tem obtido sucesso. Ao menos nossas (Argentinas) tropas não foram der-rotadas, fato que não ocorreu com outras missões que antecederam a MINUSTAH. Brasil, Argentina e Chile estão mostrando ao mundo que, apesar de a missão ser di-fícil, é possível cumpri-la. Tem-se hoje o que chamamos a “Doutrina Heleno”, em honra  ao  General  Heleno,  primeiro  Co-mandante  da  missão.  Dessa  forma,  sem considerar  a  superioridade  das  armas, mas pela sua capacidade negociadora, as tropas do “ABC” estão conseguindo esta-bilizar uma das regiões mais pobres e de maiores conflitos do planeta. Nessa mis-são de paz a Argentina conta com o apoio das  máximas  autoridades  de  seu  país. Possui,  também,  uma  inegável  liderança naquilo que se refere à preparação e edu-cação das forças de paz. Para o Brasil, es-sas missões têm um caráter funcional em seus  projetos  de  crescimento  nacional  e em  seus  planos  estratégicos  globais  e  re-gionais,  além  de  significar  instrumento ativo de sua política externa. A presença de outros colaboradores como o Uruguai, o  Peru,  a  Bolívia  e  Equador  na  MINUS-TAH  mostra  que  os  países  do  Cone  Sul da América têm muito que contribuir.

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How to Cite
PISSOLITO, C. A. As missões de paz e nossas forças armadas. Coleção Meira Mattos: revista das ciências militares, n. 15, 1 Aug. 2007.
Section
Scientific Articles